Citizen Sleeper 2: Starward Vector combina RPG de mesa com ficção científica clássica de TV

Ao criar uma sequência, a inovação é um equilíbrio delicado: a necessidade de expandir os elementos que as pessoas gostaram em um jogo, sem se afastar demais da fórmula específica que fez as pessoas amá-lo desde o início.

Gareth Damian Martin, criador de Citizen Sleeper, não é estranho a isso e – após o recente anúncio de uma janela de lançamento para Citizen Sleeper 2: Starward Vector – passou para conversar conosco sobre o caminho para construir um sucessor para o seu sucesso de RPG.

Também conseguimos colocar as mãos em uma demonstração de Citizen Sleeper 2 e dar uma olhada mais de perto nas novas histórias, situações e sistemas que Damian Martin está criando.

 Assim como no primeiro jogo, você está sujeito à rolagem dos dados, o que significa que nenhuma experiência será igual. Como o primeiro jogo, Citizen Sleeper 2 se desenrola em ‘Ciclos’, e no início de cada um, você rolará um conjunto de dados de seis lados, e usará esses dados para realizar ações ao longo do Ciclo. Quanto maior o número dos dados, maior a chance de sucesso nessas ações.

Há também uma tonelada de novas mecânicas para explorar, bem como novas dinâmicas – você comandará uma nave, montará sua própria tripulação e vai se aventurar em uma variação de Contratos, missões independentes que ajudarão você e seus companheiros de tripulação a ganhar créditos e construir um futuro. É um encontro de RPG de mesa com ficção científica da TV, e você vai adorar.

A demonstração começa no Hexport, uma estação espacial que serve como sua base, modesta em tamanho, mas repleta de oportunidades para ganhar dinheiro e fazer conexões. Você vai precisar fazer bastante dos dois, pois você, ao lado de seu amigo Serafin, também está fugindo de um ex-empregador, Laine.

A fuga foi um sucesso parcial, mas agora você tem a tarefa de consertar The Rig (a nave roubada em que você fez sua fuga) e garantir que possa ficar à frente de Laine.

É aqui que Citizen Sleeper 2 começa a brilhar de verdade – em sua representação de uma economia interstelar distópica, onde os empregos são de alto risco e alta recompensa e os esquemas são frequentemente malucos.

Ao assumir Contratos, você poderá embarcar em missões individuais sozinho ou com um grupo escolhido e completá-las da maneira que melhor lhe convier. Damian Martin descreve essas como mini episódios de um programa de TV de ficção científica, que oferecem suas próprias narrativas.

O próprio objetivo de Damian Martin era se aprofundar na ideia de uma história clássica de nave e tripulação, onde um grupo desorganizado de desajustados pode se reunir, aventurar-se juntos e criar um senso de pertencimento em seus arredores cruéis e infrutíferos.

A adição desses companheiros carismáticos e não jogáveis é uma grande evolução para Citizen Sleeper 2 também do ponto de vista da jogabilidade. Você não depende mais apenas de suas próprias habilidades para sobreviver – você pode utilizar os pontos fortes de outros personagens através de seus próprios dados se os levar em Contratos com você.

Damian Martin aproveitou esse cenário inicial para fazer algumas mudanças na logística de ser um Sleeper também. Em resumo, um Sleeper é uma mente humana que foi imortalizada em um corpo robótico, para ser mantida sob controle por uma corporação.

Graças às tentativas de Serafin de reiniciar vocês dois, vocês não dependem mais do Estabilizador, o material usado pela corporação para mantê-lo vivo no primeiro Citizen Sleeper, o que é uma escolha tanto de design quanto de narrativa.

“É uma mudança enorme”, diz Damian Martin. “Você basicamente se reinicia no início do Sleeper 2, acorda com perda de memória de curto prazo e sem necessidade do Estabilizador, porque é isso que Laine tem usado para controlar você. Mudar isso tem sido muito divertido, e significa que o jogo tem um arco fundamentalmente diferente.”

Para deixar bem claro: essa adaptação não foi feita para facilitar sua vida. Seu Sleeper agora pode sentir Estresse, outra nova mecânica que significa que, se não cuidar de si mesmo – e correr riscos – terá consequências adicionais.

Isso pode ser tão simples quanto terminar um ciclo sem comer, por exemplo, e pode levar a mais impedimentos como ‘quebrar’ um dado, o que significa que você não pode usá-lo para uma ação naquele ciclo.

Este sistema foi projetado para forçar uma aposta, que, no mundo implacável de Citizen Sleeper, pode ser a diferença entre a vida e a morte. Apostar no estresse permite que você utilize uma nova mecânica de ‘Impulso’, que lhe dará um reforço onde é mais necessário em troca de um nível de Estresse mais alto. Você terá que lidar com isso mais tarde, mas a ideia é que, neste momento, onde o sucesso é tão crucial, você pode contar com um acordo arriscado.

“Os sistemas que tenho explorado têm sido sobre encontrar maneiras de modelar coisas que parecem danos ou dificuldades a longo prazo, o que é algo que os jogos não exploram necessariamente com frequência”, explica Damian Martin.

“O dano nos jogos geralmente é de curto prazo, mas aqui, você está constantemente equilibrando os pratos desse corpo com o qual está tentando trabalhar.”

Citizen Sleeper 2 também dá um passo adiante com um sistema de classes, dando mais flexibilidade em como você escolhe interpretar seu Sleeper. As classes apresentadas na demonstração – Operator, Extractor e Machinist – cada uma oferecia proficiência em certas habilidades, mas desvantagens em outras.

Optei pelo papel de Machinist, que oferecia bônus úteis em situações de engenharia, mas uma dificuldade considerável em ter sucesso em interações sociais. Com o tempo, você poderá melhorar a maioria dessas habilidades, mas cada classe também tem uma habilidade que está completamente bloqueada – você nunca será melhor nela, então você realmente tem que jogar com seus pontos fortes à medida que avança.

A adição dessas habilidades significa que há várias outras vias de sucesso que você pode tentar. Como Machinist, priorizei rotas que exigiam a habilidade de Engenheiro, o que não foi fácil no início.

Depois de ficar sem créditos e quase morrer de fome, consegui finalmente superar alguns turnos e reabastecer os suprimentos da minha nave. Citizen Sleeper 2 habilmente mantém você alerta – aqueles grandes lançamentos de dados, combinados com a proficiência em habilidades, aumentarão sua confiança, mas a realidade dos lançamentos e a perspectiva sempre iminente de falha total o manterão com os pés no chão neste mundo.

“Eu gosto bastante desse truque de [Mestre de ROG] de não necessariamente sempre dar aos jogadores o que eles querem, mas dar algo que eles possam gostar, mesmo que seja difícil”, acrescenta Damian Martin.

Os principais objetivos do Citizen Sleeper 2 vêm na forma de ‘Drives’ Maiores e Menores – o primeiro é um objetivo mais amplo que levará você a vários ciclos para passar, e como você aborda isso é em grande parte com você. Drives menores são tarefas menores, às vezes opcionais, que ajudam você a caminho do Drive maior.

“Quando você encontra pessoas, você realmente tem algo que elas querem, que é frequentemente a oportunidade de escapar das situações em que estão”, diz Damian Martin. “No primeiro Citizen Sleeper, você costumava receber ajuda de outros, mas agora há uma textura interessante na responsabilidade que você tem pelos personagens que entram em seu navio, e uma grande parte do jogo é como você trata essas pessoas.”

Uma coisa importante a se notar é que você não está totalmente no comando aqui – não é uma fantasia na qual você tem controle completo dos companheiros que se juntam a você, mesmo que possa utilizar suas habilidades. Às vezes, um certo personagem terá suas próprias coisas para fazer, e dar a eles agência colocará você, o jogador, em circunstâncias interessantes como resultado de suas escolhas.

“Eu realmente não queria essa sensação de que você é o chefe deles”, diz Damian Martin. “[o anime] Cowboy Bebop é um ótimo exemplo – quem é o capitão do Bebop? Não é realmente uma posição oficial, e mesmo que fosse, ninguém realmente respeitaria essa posição.”

Isso também ajuda a resolver uma reclamação mais ampla de Damian Martin. Em RPGs, muitas vezes há uma tendência de os companheiros serem peões para ir de um lado pra outro, e você tem autoridade total sobre o que acontece com eles. Isso não será o caso com Citizen Sleeper 2: “Uma das filosofias do Citizen Sleeper original que está sendo levada adiante aqui é que você é apenas uma pessoa no mundo, assim como qualquer outra.”

Nós só vimos uma fração do que Citizen Sleeper 2 vai oferecer, mas até agora a evolução é extraordinária. Fique pronto para a aventura completa, que será lançada no Xbox Series X|S, Xbox One e disponível no Game Pass no início de 2025.