Frank e Drake: Encontrando Coesão Criativa na Diversidade

O desafio de misturar mundos diferentes

A ideia fundamental de Frank e Drake foi ser capaz de representar como nossas diversas identidades únicas podem encontrar um terreno comum de compreensão por meio de diferentes níveis de comunicação e empatia. Esse princípio vale para os próprios personagens e sua relação sem contato físico, mas vai além disso. Quase inconscientemente, afetou todas as camadas do empreendimento, com uma atmosfera peculiar pelo uso de artes mistas.

Arte e Animação: uma colagem de estilos em harmonia

O mundo de Oriole City é apresentado principalmente através de fundos ilustrados que apresentam uma arquitetura precisa, mas estilizada, onde nada é distorcido ou fora de proporção. Nossa artista principal Romina Correa definiu com seu estilo essa camada de “realidade” em justaposição com os protagonistas rotoscopeados, que vivem no espectro do surrealismo. Mas outras instâncias do jogo mostram técnicas diferentes, como lápis áspero em preto e branco (flashbacks), desenhos a caneta esferográfica (esboços de diário), stencil e grafite (paredes das ruas) e até imitações de pintura a óleo (murais em determinados locais). Trabalhar com artistas não apenas diferentes, mas versáteis, nos permitiu criar esse caldeirão visual dentro dos limites da tradição.

Essa abordagem criativa multidisciplinar também afetou os visuais em movimento. As animações rotoscópicas se destacam por motivos óbvios (e são as que mais consomem tempo, com mais de 8.000 quadros desenhados!), mas não faltam outras animações quadro a quadro sem filmagem como referência que dão suporte à narrativa, e até modelos 3D, muito convenientes em rotações ou interações complexas.

Música: O Ritmo da Luz e da Escuridão

Conhecíamos bem Kai Engel por seu trabalho na trilha sonora de nosso jogo anterior. O objetivo em Frank e Drake não era apenas fornecer um cenário único para o dia e a noite, mas também projetar a maneira como os dois personagens experimentam sua realidade. Ao opor os ritmos do hip hop de Frank com as vibrações do jazz de Drake, você obtém um belo contraste que o ajuda a navegar entre os personagens e a sentir plenamente o impacto emocional de ambas as histórias.

Narrativa: Duas Vozes, Um Grande Mistério

Elaborar uma história com dois protagonistas foi um novo desafio para a nossa escritora e Narrative Designer, Ana Monteiro. Algumas regras precisavam ser seguidas para que funcionasse: definir vozes únicas com respectivas personalidades e perspectivas, para que não pudessem reagir ao conflito de maneiras iguais. Eles também precisavam de arcos de personagens que revelassem uma mudança de crenças e comportamentos como prova de crescimento pessoal. E todos esses conflitos internos tiveram que se chocar contra uma conspiração externa, algo que faria seus destinos se fundirem em algum momento.

Em última análise, Frank e Drake contam uma história que abraça o poder da comunidade: como um lugar estranho (e muitas vezes bizarro) como Oriole City pode se tornar o lar de muitos indivíduos, geralmente rotulados como párias da sociedade, e onde a diversidade de realidades coexiste respeitosamente. Onde a beleza pode ser encontrada no inesperado e as diferenças são aceitas de forma solidária e cooperativa. Tentamos manter essa essência exata com a combinação de várias formas de arte ao longo do jogo. O objetivo não era buscar a perfeição individualmente, mas encontrar uma natureza coesa na soma dessa identidade honesta e fragmentada.

Esperamos que você goste de descobrir a história de Frank e Drake.